Crítica dividida en Portugal por laHistória Universal da Destruição dos Livros

História Universal da Destruição dos Livros
Fernando Báez
Texto, 23,99€
José Carlos Fernandes

terça-feira, 30 de Junho de 2009

Numa irónica simetria, o livro começa e acaba no Iraque. Entre a destruição da biblioteca de Ebla pelo rei acádio Naramsin (2254-2218 aC) e a pilhagem das bibliotecas e museus do Iraque durante a invasão americana, em 2003, há um fio condutor de estupidez, intolerância, tacanhez e incúria.

Se há quem veja no livro uma fonte de saber e um instrumento de libertação, também há quem nele veja pornografia, heresia e incitação à subversão. Em não poucos casos considerou-se insuficiente queimar os livros e queimaram-se também os seus autores – e até os seus impressores e leitores. Pela força deste exemplo e de várias formas de repressão, quantos livros não ficaram por escrever e, tendo sido escritos, por copiar ou imprimir? Quantos séculos de progresso foram anulados pela acção combinada do fogo e da censura?

Tudo indica ser apócrifa a resposta do Califa Omar I ao general que o consultou sobre o destino a dar à biblioteca de Alexandria, mas as palavras atribuídas a Omar são reveladoras da atitude dos fundamentalistas religiosos de todas as épocas e credos: “Se os livros contradizem o Corão, são heréticos, se estão de acordo com ele, são supérfluos – em qualquer dos casos deverão ser destruídos.”

A pesquisa efectuada por Báez é hercúlea mas nem sempre rigorosa (a secção “A Aniquilação de Livros Electrónicos” é um repositório de disparates) e a estrutura do livro é débil, ficando-se pelo desfiar de um rol de perdas e calamidades. Mas não é motivo para o atirar para o fogo.

Link:

http://www.timeout.pt/news.asp?id_news=3803

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